E é por isso que sei que este meu post vai munido de subjectividade, ciência zero, e (concerteza)cheio de romantismo. Isto porque tendo, sempre, a pensar nas drogas como consequência de vidas infelizes, como ausência de capacidade de antecipar caminhos melhores, meios mais eficazes e fins menos dolorosos.
E talvez seja por isso que me é tão difícil imaginar um mundo sem drogas: porque o vejo como cada vez mais infeliz, mais desesperançado, mais acomodado ao fácil e rápido, menos lutador. Como se hoje em dia todos tivessemos mudado o chip para qualquer coisa como "nasceste para ser feliz, diz não ao sofrimento, não há necessidade de passares por essas coisas"... e este chip toca desenfreada e constantemente não só perante dificuldades sérias como, também, perante a mínima contrariedade.
Quase que parece que todos, por uma razão ou outra, procuramos o motivo para nos escondermos, anestesiarmos, bloquearmos. Um desejo de sermos invisíveis ou mais visíveis, um desejo de calar ou de gritar mais alto... todos parecem correr sem saber para onde, procurar sem encontrar, querer sem lutar.
Assim, e perante um mundo em que nem nós acreditamos, como podemos pensar em retirar o pouco que vai conferindo, a uns e a outros, uma ténue falsa sensação de controlo e de alívio?
Podemos tentar, mas sem outras intervenções de fundo de nada nos valerá.
Seria preciso um "educar para a infantilidade", aquela proeza que só as crianças conseguem que é a de aproveitar cada minuto dos seus dias ao máximo, ver e esperar o que é bom, esforçar-se por agradar. Penso que só essa capacidade (que é difícil, mas atingivel) permitiria que as drogas se tornassem em algo completamente ridículo e dispensável, quase dessem vontade de rir, e os remédios (que tão úteis nos são) não constituissem perigo de adição para ninguém.