terça-feira, 13 de abril de 2010

Nos próximos dois dias estarei no 1º Congresso Internacional de Psicologia da Criança e do Adolescente.



Expectativas: altas.
Um cheirinho de uma das oradoras, minha Professora, Helena Marújo:

A saúde mental, tal como a física, são bens valiosos. Mas a vida com bem-estar é mais do que a ausência de patologia ou de sintomas: é transcender-se, realizar-se, ter sentido e propósito, envolver-se, pôr as virtudes e forças pessoais em acção, relacionar-se positiva e significativamente com outros, experimentar e saborear emoções positivas.

Até há cerca de uma década, o foco da psicologia foi o do estudo e tratamento das pessoas aquando das suas situações de fragilidade, e por isso uma visão dirigida a uma versão humana deficitária e patológica. Por tudo o que de extraordinário que esse investimento teórico, empírico e metodológico permitiu, estamos naturalmente gratos. Mas talvez este milénio seja um momento para considerarmos outras janelas sobre a realidade humana. Quando estão as crianças, jovens e adultos que as educam e cuidam, no seu melhor? Em que circunstâncias vivem no seu melhor eu”? Que factores facilitam a presença de escolas, famílias, comunidades, construtivas, em florescimento?

Um das razões porque, enquanto cientista e académica, me apaixonei por este paradigma foi o de caminhar em direcção a uma imagem da humanidade com mais luz e esperança, e também o travar de uma tendência que desejo denunciar. Essa tendência é a da patologização do normal, da crescente naturalidade com que se diagnosticam crianças e jovens - habitualmente sem voz, nem poder nesse processo - com doenças mentais, e as suas famílias, com base nas limitações que os profissionais lhes atribuem e, em consequência, com que se facilidade se medicam com drogas psicotrópicas, num processo onde as percentagens recentes de jovens e crianças medicadas são dramáticos.

Uma abordagem que promove o melhor das pessoas, e as torna conscientes das suas forças, virtudes, áreas de sucesso, potencialidades, sonhos, e lhes facilita a optimização de recursos, individuais, relacionais, comunitários, ambientais (a capacidade de gratidão, generosidade, alegria e humor, amor, fluir, crescimento pós-traumático, solidariedade, protecção do planeta…), e que hoje se encontra bem fundamentada por recentes investigações, pode reorientar-nos para uma relação com as gerações mais novas que seja mais ética, moral, e que as respeite e fortaleça mais – ao mesmo tempo que nos recentra para uma vida social realmente mais colectiva e mais perto de um fluxo vital.

Quer conhecer exemplos de intervenções da psicologia positiva já em curso em Portugal e no estrangeiro? Convido-o/a então para uma conversa co-construída…

Espero poder ter muita coisa para escrever na quinta-feira à tarde.

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