sexta-feira, 29 de abril de 2011

D., meu querido marido,

este fim-de-semana vais ficar sozinho.
Sim, eu sei que é um cenário assustador. É a primeira vez que ficas em casa sozinho, que dormes nesta cama sem mim e que não tens ninguém que te empurre da cama para ir trabalhar.
Espero que sejas um homenzinho. Assim com´ós crescidos.
Não te esqueças de lavar os dentes e trancar a porta. Deixo-te refeições no frigorífico e pão fresco.
Agradeço que não deites a casa abaixo enquanto eu estiver fora. Tenta evitar, tanto quanto possível, entornar coisas no sofá ou no tapete, vai deitando o lixo fora, não ponhas copos em cima da mesa da sala, lembra-te que não vou estar cá para tirar de cima da cama a tua toalha molhada e que, se não o fizeres, dormes geladinho. Ou no sofá.
Se saíres, fecha a porta e as janelas. Volto na segunda, cheia de saudades.

Ps- Ah! Agradeço, também, que não ponhas nenhuma substituta no meu lugar da cama. Quer dizer, se quiseres convidar a tua mãe, nada contra, sempre tens alguém que te faça a sopa!

considerações de muitas horas a transcrever entrevistas

1- já não posso ouvir a minha voz. Coiados dos que passam o dia a ouvir-me. Perdão.

2- sabemos o estado da nossa sociedade actual (com ipads, iphones, blackberrys, portáteis, etc) quando, sempre que perguntamos à criança a profissão dos pais, nos respondem constantemente que "trabalha no computador".

quinta-feira, 28 de abril de 2011

E a vida vai correndo a um ritmo alucinante

Depois da Páscoa, iniciei em força a parte prática da minha tese. Em um dia de aulas e uma hora entrevistei 23 crianças para o meu estudo. Foi um óptimo ritmo. Já só faltam umas 60...!
Agora é isso, conciliar com o relatório de estágio, com as aulas na faculdade e tudo se vai fazendo.
No sábado de manhã sigo para Roma com a minha Mãe, não faltaremos à beatificação do nosso querido Papa JPII.
Só por causa disso, e porque o fim-de-semana vai ser de trabalho zero, até lá tenho de dar o litro!

Ontem foi um dia feliz cá em casa. Estreamos as churrascadas a dois, no nosso pátio. Ele tratou de tudo. Foi às compras, temperou a carne, escolheu o vinho, pôs a mesa e eu só precisei de ir. E olhar para ele toda babada e pensar que a felicidade é mesmo feita destas coisas.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Estão prontos?? Vou começar!

Aviso já que este será um post muito longo que só vai interessar a quem for realmente muito cusco ou interessado por viagens.

Então foi assim: no dia 8 de Abril fomos a voar até à Madeira. Sabíamos que íamos ficar 9 dias e que íamos para casa dos tios do D. mas não sabíamos o que nos esperava ainda.
Assim que saímos do aeroporto lá estavam os tios para nos ir buscar. Pela conversa ficamos logo a saber que íamos ser tratados como uns lordes. Ficamos num quarto enorme, num andar só para nós, com uma vista brutal sobre toda a baía do Funchal, mais uma casa-de-banho com grande banheira e janelas para a baía. Um must!

O que mais me marcou na Madeira foi a natureza. A imensidão das paisagens e a beleza dos caminhos.
Passo a mostrar o nosso roteiro:

Dia 2- Saímos do Funchal em direcção a S. Vicente. Aí visitamos as grutas. Depois, fizemos a costa toda de volta ao Funchal. Passamos por Seixal, Porto Moniz, Calheta, etc. Isto porque tínhamos o nosso próprio carro, emprestado pelos tios, e nesse dia optamos por acordar mais tarde mas, ainda assim, eu já ia pelo caminho doida com as coisas todas que via.

A caminho de S. Vicente

A caminho de S. Vicente


Em cada esquina ou caminho encontravamos uma queda de água que dá logo um ar romântico à coisa




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As piscinas naturais de Porto Moniz

A vista da nossa varanda

Dia 3: A primeira coisa do dia foi ir ao Pico do Areeiro, onde é preciso ter sorte para apanhar um tempo bom e estarmos em cima das nuvens. Nós tivemos essa sorte. Fomos, depois, visitar o Monte e a sua tradição dos carrinhos de cestos. Depois do almoço, fizemos a outra parte da costa do sul e fomos quase até à ponta de S. Lourenço, Baía d´Abra, Santa Cruz, Machico, etc..

Pico do Areeiro

Pico do Areeiro e euzinha

A maravilha da floresta

Os carrinhos de cestos no Monte (25eur, duas pessoas)

Paisagem da zona sudeste, perto da Prainha

Dia 4: Para acordar, fomos cedinho andar de barco. Vimos a costa do Funchal e golfinhos. Fartamo-nos de dormir!! Depois do almoço fomos fazer a levada das 25 fontes. Aqui, foi uma perfeita aventura porque, primeiro, fomos pelo lado errado e tivemos passar por um túnel de 1,5km, sem lanternas e, digamos, eu entrei um bocado em pânico. Para acabar, só saímos de lá depois de fechar a cancela e, por isso, tivemos de andar 2km por estrada a subir. Um nevoeiro brutal e quando chegamos lá acima reparamos que estavamos no lado oposto da montanha. E perdidos. Tivemos de apanhar boleia (que só conseguimos à segunda...) e lá dentro iam um madeirense e uma polaca que estava em casa dele a fazer couchsurfing!

Passeio à vela

Levada das 25 fontes. Linda de morrer.

As 25 fontes!

Dia 5: Fomos logo de manhãzinha para Santana e vimos as famosas casas típicas; antes do almoço ainda fomos a S.Jorge visitar um roseiral com mais de 1000 espécies de rosas. Ainda faltavam duas semanas para abrir ao público, este ano, porque ainda não tinham nascido as rosas todas mas a senhora foi muito querida e deixou-nos entrar. Lindo de morrer. Durante a tarde fizemos a levada das Queimadas ao Caldeirão Verde que, mais uma vez, nos deixou sem palavras. À noite jantamos fora pela primeira vez e fomos a um restaurante óptimo que se chama "As vides" e onde comemos o belo do bolo do caco com manteiga de alho e a espetada madeirense.

Santana

Uma das rosas do roseiral

O caldeirão verde

Câmara de Lobos à noite

A famosa Nikita: cerveja, vinho e gelado de baunilha... óptimo mas uma pequena bomba!

Dias 6,7 e 8- Fomos para o Porto Santo, onde os tios também nos deixaram usar a sua casa e o seu carro. Só o primeiro dia de praia é que foi fantástico. De resto, alternava entre o frio e o sol. Sempre deu para descansar imenso: é que, na ilha, não há mais nada para fazer!!



Dia 9- Era dia de ir embora. O nosso avião era às três e meia e, por isso, acordamos cedinho e ainda fomos visitar o miradouro da Eira do Serrado e ao Funchal abastecer-nos de bolo do caco e queijadas!!

Eira do Serrado

E pronto!! É isto.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

quanto às fotografias da Madeira:

não desesperem. Estão mesmo aí a estalar. É que, como perdi quase tudo do computador, também perdi a identificação que punha em todas as fotografias. Vou fazer isso amanhã e começar a relatar esses grandes 9 dias. Prometo que, no fim, ninguém se vai queixar.

Não vou falar do 25 de Abril dos outros

Vou falar do meu. Hoje. O marido saiu cedo para trabalhar enquanto a mim parecia que tinham colado as pálpebras. Não conseguia acordar. Lá arranquei da cama, tomei o pequeno-almoço e olhei, pesarosa, para os dois sacos cheios de chocolates e ovos, balanço da Páscoa. Vesti o meu kit doméstica, a bela da legging, e foi ver-me a dar um rumo a este pátio que não há meio de ficar lindo e maravilhoso e nos convidar a noites ali fora. Mudei as coisas de sítio, lavei e esfreguei. Passei para a casa de jantar. Depois para a sala, casa-de-banho, cozinha e quarto. Tudo aspiradinho.

Enfrentei, a medo, a pilha de roupa no quarto e algumas malas ainda por desfazer. Almocei.
Rumei aos chinocas a comprar algumas coisinhas que me estavam a faltar. Vim a casa deixar os sacos. Fui para o supermercado encher o frigorífico e assegurar que existem "próximas refeições" nesta casa.

Agora espero pelo meu homem. Temos um jantar ao pé do El Corte Inglês e decidimos ir a pé.

Cansada. Mas assim é que sabe bem.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Actualização Pascal

Sim, fiquei triste. Fiquei muito em baixo. Chorei no próprio dia. No dia seguinte, de vez em quando, vinham-me as lágrimas aos olhos de uma forma descontrolada. Valeu-me mãe e manos que me invadiram a casa e me resgataram fazendo com que passasse o dia ocupada.
Obrigada a todos os que me mandaram emails, comentários e mensagens. Este é, definivamente, o lado mais cor-de-rosa de se ter um blogue: receber e sentir abraços de pessoas que não conhecemos mas que, nem assim, sentimos como estranhas.

Como autora de um blogue que, nos últimos tempos, teve um boom de visitas, devia sentir-me mais obrigada a escrever com a frequência e qualidade que são esperadas. Mas não quero que seja assim. Não que desvalorize aqueles que aqui entram em busca de cada um sabe o quê, mas é que escrever deve e tem de me sair do coração. A última coisa que desejo e, acreditem, vocês também, é que passe a vir cá uma vez por dia "picar o ponto".

Aqui estou eu agora, no dia em que a Avó Ana faria anos se fosse viva, entre a pressa de fazer a mala dos próximos dois dias passados no Alentejo com a família e o deixar tudo em ordem por aqui, profissionalmente falando. Dias como este, em que a minha casa está praticamente às escuras porque o sol se escondeu, são dias em que só me apetece comer chocolates e ver programas sem interesse. São dias em que penso no que fui e no que foi. São dias em que cada minuto se constitui como mil planos para o futuro, daqueles tão estapafúrdios que não há mínima hipótese de se realizarem.

Ia dizer Boa Páscoa. Mas não digo. Seria profundamente infiel se não passasse por cá antes de Domingo para o fazer. E pode ser que venha com o coração mais activo, com as janelas mais abertas e o sol mais quente. Que estou a precisar de ataques de riso, de saltos muito altos, de cambalhotas na relva. Arre que estou a precisar de um abanão.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Pensei que, quando tivesse o computador,

viria, a correr, encher este blogue das coisas boas que vivi nos últimos tempos.
Acontece que não somos nós que temos o leme da vida e daquilo que esta nos reserva.
Ontem foi o dia em que o mundo ficou mais pobre. Em que vi partir, cedo demais, um amigo. Em que senti, no coração, este misto de revolta, interrogação, inquietação e, ao mesmo tempo, serenidade. Aquela serenidade que nos é trazida por uma fé imensa de que, agora, acabou a dor, os dias de expectativa, o túnel sem fim. A certeza de que alguém como ele estará, sem uma dúvida, no céu (seja lá o que isso for) e que agora, é bom que me ponha a pau, porque passa a estar sempre comigo, ao pé de mim.

Somos muito novos, é um facto, mas alegra-me olhar para trás e ver como, mesmo em sofrimento nos últimos cinco anos e meio, ele me ensinou que a vida é para se viver ao máximo, aproveitando cada minuto para agradecer o facto de nos ser dada esta sorte e graça de poder respirar, ver e sentir tudo o que o mundo nos oferece.

Vou ter saudades tuas, nem consigo dizer mais nada.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

para que não pensem

que estou de férias eternamente, quero informar que já voltei! Apaixonadíssima pela Madeira e muito triste pelo regresso a horas infinitas de tese que me esperam, não consigo actualizar o blogue como deve ser (e como merecem) porque o meu computador pifou e só amanhã o terei aqui, de volta, ao pé de mim.

Prometo posts longos e pormenorizados, devidamente ilustrados com muitas fotografias!

terça-feira, 12 de abril de 2011

não vos falo do céu por um triz

Olá maltinha fofa, cá vou eu acumulando mil coisas para contar e mais umas tantas paisagens indescritiveis.

Hoje o tio do Diogo arranjou-nos um amigo na marina que nos levou a andar de barco. Ele foi golfinhos, ele foi muito sol a bater na pele a cheirar a creme, ele foi navegar à vela... um fartote!!

Da parte da tarde ala para o Rabaçal, onde tinhamos fisgada a levada das 25 fontes. Vou ser resumidinha que mal abro os olhos ou mexo os dedos: entramos, por engano, por um túnel de 1,5km e não tinhamos lanterna, não tínhamos mapa, não tinhamos noção... foi um medo que só visto, entre o barulho dos ratos, os pés dentro de água e o medo de bater com a cabeça no tecto (e parti-la, claro!)... passando o cagaçito lá fomos a saltitar e a dar beijinhos repenicados por termos sobrevivido, vimos as 25 fontes e voltamos (6km). Eu disse que ia ser reumida?? Ok, perdemo-nos no caminho de volta, fizemos mais uns 4 km, dois dos quais eram seguidos a subir a montanha... chegados lá acima, nada de carro, nada de nada, só o nevoeirozinho simpático a aparecer. Primeira boleia recusada, o segundo carro parou e lá andou connosco em busca do nosso...

Ufas!

sábado, 9 de abril de 2011

só para dizer...

... que o avião aterrou na pista, como se queria, e que hoje já enchemos a barriga desta beleza toda que se está a revelar a Madeira.

In love, completamente.


Ps- Se houver leitores por aqui, que tal um cafezinho? Estou disponível!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

fins de ciclos

Ao contrário de um grande número de pessoas que adora a lamuriazinha dos fins de ciclos, eu sou daquelas que acho que só faz bem o encerrar de portas, o fim dos projectos, os pontos finais.

O meu estágio foi o momento mais alto de toda a minha formação, o período de tempo que permitiu que confirmasse a minha vocação, a minha paixão à Psicologia e aos miúdos, a minha capacidade de trabalho e a minha determinação. Permitiu que desenvolvesse uma série de competências que achei que ia demorar anos a conseguir, a tolerar a frustração como poucos o conseguirão e a aprender a viver 50 minutos de cada vez fazendo nascer sabedoria de onde não havia nada para além de vivências.
Foi uma estafadeira. Muitos dias em que a única coisa que fazia era trabalhar naquilo, sem tempo ou espaço para adiantar a tese, investir na Faculdade ou sair para beber um copo.

Agora acabou. Acabou mais cedo do que esperava, porque o orientador saiu da Junta. Desanimada pelo fim abrupto, sem tempo para cumprir muitos dos objectivos a que me propunha, sem tempo de ver os resultados do programa que estava a implementar na turma dos meus meninos de 5º ano, sem conseguir levar até ao fim o plano de intervenção com os que tinha em consulta. Mas aliviada, porque este fim vai permitir que me envolva completamente na tese que me separa do final do Mestrado.

Acabei a revisão de literatura, o maior dos meus alívios. Estou longe de ter chegado ao fim mas, hoje, celebro o fim de um ciclo, o fim do meu estágio, o início de outro, que é o de passar de estagiária a investigadora. E, por isso, em jeito de festa, embarco hoje para a Madeira. Onde estarei até ao próximo sábado.

Vai saber muito bem ter o meu marido só para mim, não precisar de passar horas fora de casa e longe dele. Vai saber bem trabalhar e ler nas horas mortas, fazê-lo só quando não tiver mais nada para fazer, mais nenhuma fotografia para tirar, mais nada para ver. Jantar tarde e passear depois do jantar. Acordar tarde e saltar refeições. Namorar e encher-me de energia para aquilo que ainda me espera até Junho.

Vou tentar ir passando por aqui a dar novidades. Voltarei cheia de fotografias e opiniões. Esperem por mim.
Até já!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A música é gira, a acção é brutal e (um dia destes) hei-de ganhar coragem para fazer qualquer coisa do género e... malta feminina, o homem. Ai, este homem.


quarta-feira, 6 de abril de 2011

Quando acordas

e tiras o corpo da cama mas deixas lá a cabeça a dormir. Quando vagueias pelo dia como que anestesiada. Quando te sentas a copiar frases para o word sem lhes dar o mínimo de sentido e pensas que amanhã será o dia em que pensarás no assunto. Quando, para acordares, decides ir a pé até ao saldanha. Quando enfrentas um medo que te perseguia há algum tempo, quando vês o que não queres, quando não ouves (e querias ouvir) a voz do costume, quando a única coisa que reconheces é um olhar. Quando te despedes de uma criança que fez parte da tua vida durante 7 meses, lhe dás um abraço depois de teres demorado muito tempo a conquistá-la. Quando voltas para casa a andar, com música nos ouvidos que, na verdade, não ouves. Quando te sentas no sofá a responder a uma mensagem e adormeces. Mas depois lembras-te que ainda tens um jantar hoje e, por isso, é bom que voltes para o word. Para as palavras sem sentido. Para os gestos que são mecânicos, para o intercalar da posição das pernas.
Quando estes dias nos devoram, quando nos transformam, quando nos levam aquilo que somos.
Preciso de colo, preciso de abraços. Preciso de não falar. Estou tão cansada e tenho frio no intervalo deste calor.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Isto anda murcho, pois que anda

e eu peço muitas desculpas por isso. Principalmente a quem está cheio de vontadinha de textos novos e acabadinhos de sair.

Acontece que esta semana acabo todas as minhas consultas no estágio (pena e alegria ao mesmo tempo) e vou para a Madeira uns diazinhos na sexta à tarde. Até lá, dê por onde der, tenho de ser a melhor Psicóloga de sempre para os miúdos que vou deixar e acabar a revisão de literatura TODA (escritinha e sem erros) para deixar no email da minha orientadora. Não tenho lata de ir de férias uma semana e não deixar isso feito.

A modos que andamos nisto, entre a rua (e as greves) para ir receber aulas, dar aulas, dar consultas e chegar a casa e sentar o rabo na mesma cadeira, à mesma mesa, rodeada de folhas e post-its. E está tãaao longe de acabar...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

concluis que estás uma perfeita doméstica quando

chegam os dias de sol e em vez de te alegrares a pensar no bronze, alegras-te a pensar em como a roupa vai secar rápido.

domingo, 3 de abril de 2011

fala-me da vida

Quem dança não é quem levanta poeira, é quem reinventa o chão.
Mia Couto

sexta-feira, 1 de abril de 2011

"é com eles que tu tás casada?"

Não. Não é com mais ninguém para além de um com o outro que estamos casados.
Mas pode ser tão difícil gerir a família do outro como uma multinacional na falência.
Vale-nos, ou antes, falarei só por mim, o que me vale é que gosto deles. Gosto dos meus sogros, da minha sogra também, de cada um dos meus cunhados. Cada um com as suas coisas, boas e más, com as suas lutas e exigências. Gosto que precisem de se ver e estar juntos como as flores precisam de água, gosto que num minuto se ponham todos do outro lado do país (ou do mundo) se alguém precisar. Gosto que me sintam como parte fundamental da família, que exijam a minha presença como a de qualquer outro que nasceu ali.

Se, às vezes, é demais? É. Naqueles dias em que quero agarrar nele e não o deixar levantar do sofá toda a tarde, em que me apetecia que jantassemos sozinhos, que ficassemos por aqui sem razão nenhuma, sem ser porque temos alguma coisa para arrumar, limpar, montar, estudar. Só porque sim. Porque somos marido e mulher e porque uma família, para crescer e se tornar coesa, precisa de tempo juntos.

Mas este "às vezes é demais" é um às vezes sincero, é mesmo só algumas vezes e, na maioria das vezes, quando eu dormi mal (ou pouco), quando estou estafada e só preciso de colo em vez de tardes em família. De resto, não, não estou casada com eles, e não vou por obrigação, estou, vou, e preocupo-me com todos porque quero, porque gosto. Porque me faz falta.