quarta-feira, 28 de abril de 2010

Para todos (menos as criancinhas)

Agora que vou casar não há um dia que passe sem ouvir coisas como "Mas a menina é tão novinha" "Casar para quê?" "É só um papel" "Devia aproveitar a vida"...

Não sei se é porque a maioria das pessoas se passeia descontente com a sua vida. Vida que escolheu mas acredita que não, que não faz nada para mudar mas espera que um milagre aconteça. Por que razão lhes é tão difícil sorrir e ficar feliz por haver casais novos, dois a dois que ainda acreditam no amor, que cheios de força estão dispostos a lançar-se na luta de construir e fazer viver uma família?
Por que é que a maioria dessas pessoas, que tão gentilmente me avisam para depois não poderem dizer que não avisaram, a maioria tem a sua aliança no dedo? Então mas se está tão infeliz por que casou? Por que se mantém casada? Por que é que não dá um rumo e não se levanta com a preciosa ajuda da lembrança do que a fez casar, do amor que fervia? Por que é que não procura a sua felicidade com toda a certeza de que a merece?
Eu sei porquê. Porque a maioria das pessoas deixou-se embrulhar por um orgulho assustadoramente inútil e destruidor. Porque não é capaz de amolecer o coração e ver no gesto sincero do marido ou da mulher um esforço de dizer por actos, porque as palavras já cansam, um amo-te que vem do fundo do coração. Porque é fácil dizer que há roupa para lavar e passar, jantar para fazer e pó para limpar. Mas não conseguem perceber que seriam muito mais felizes se repetissem a mesma camisa no dia seguinte e comecem restos ao jantar para que pudessem, num esforço de voltar a ser criança no coração, deitar-se e barriga para cima a rir e a relembrar os tempos em que competiam para ver quem conquistava mais.
Porque é cansativo o exercício de voltar a descobir o outro, de nos apaixonarmos pela pessoa diferente que ele vai ser todos os dias. Mas depois exigimos que ele se apaixone por essa pessoa diferente que nós somos todos os dias. Sempre com opiniões diferentes, gostos diferentes, caprixos e exigências diferentes. "Porque isso era antes. Ontem. Hoje já não é assim.". E nós não gostamos de nos cansar. Estamos muito mal habituados e não mudamos. Nem que isso nos custe a felicidade.

Pois bem, eu vou casar sim. E aproveitar a vida. Os dois ao mesmo tempo e, por isso, com o dobro da intensidade. Porque uma coisa não invalida a outra. Porque se não planeava acabar o meu namoro de quase 5 anos e já não me faz sentido que ele me deixe à porta de casa e até amanhã, então por que é que não hei-de casar? Por causa do papel? Assusta-vos o nome que se dá à coisa? Se eu só me juntasse o compromisso era menos??? Então mas quem disse que tenho medo de compromissos?? Não tenho. Estou entregue há muito tempo e assim quero continuar. Viverei a vida com a mesma intensidade que o faria se fosse solteira. Porque viver a vida significa sair, jantar fora, dançar, viajar, ir ao cinema, ler, correr, fazer directas.... nada disso fica impedido. Se por viver a vida queriam dizer "conhecer mais rapazes, enganá-lo, traí-lo, ou acabar com ele para poder andar livre a dar beijinhos a cada giraço que se cruzar no meu caminho" pois então não vivo a vida há muito tempo. Nem solteira.

Assim, serei a mulher do meu marido, consciente do desafio que é crescer com alguém e aprender a ser livre na dependência, precisar dele para viver de uma maneira livre que me realiza e faz feliz.


Sem comentários:

Enviar um comentário