domingo, 7 de novembro de 2010

sobre a gaveta desarrumada

Não temos todos, em nossa casa, uma gaveta desarrumada? Aquela em que pomos tudo aquilo que não sabemos onde pôr. A nossa casa pode estar um brinco, tudo impecável e no sítio certo, mas essa gavetinha é a constante imutável. "ah, já não uso isto há tanto tempo, é tão giro, não posso deitar fora mas também não serve para nada... vou por na gaveta e depois logo se vê".

Isto para dizer uma coisa que aprendi no meu (fascinante) curso: todos nós temos, cá dentro, a nossa gaveta desarrumada. Aquela parte de nós para onde mandamos aquilo em que não queremos pensar agora, as coisas que não queremos chorar agora, os assuntos sobre os quais vamos decidir depois, as relações que vamos cultivar quando o coração se amolecer.
Há sempre uma parte de nós, por mais equilibrados que sejamos, que é confusa, insegura, que duvida, que não faz sentido. E não somos menos nem piores por causa disso. Pelo contrário, até acho que é por essa gaveta existir em nós, que nos damos tempo e disponibilidade mental para aquilo que, a cada momento, precisa da nossa atenção.

A única coisa é que, se não faz mal que a nossa gaveta de casa fique eternamente por arrumar, os assuntos da nossa cabeça não devem ficar muito tempo escondidos. Porque quanto mais abaixo os pusermos, mais difícil fica de os ir buscar, porque quando percebermos que é daquilo que tinhamos precisado já não sabemos onde o pusemos, ou quem eramos quando o largamos.

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