terça-feira, 28 de dezembro de 2010

o meu foi assim


Era o nosso quarto verão como namorados mas nunca tínhamos passado nenhum juntos (aliás, só um, o primeiro). De resto, eu fui fazer missões para o Brasil e ele viajar pela Europa. No outro, eu fiz o meu interrail e ele estava a trabalhar. No outro, eu fui pela Ásia e ele estava a trabalhar.

Ao fim de 4 anos de namoro já não conseguiamos com os comentários e perguntas de todos "quando é que casam?", "então quando é que é o casamento'".... e nós lá alternavamos entre fases de euforia, em que diziamos que se calhar até podíamos casar, e fases de um cagaço descomunal (afinal, somos muito novos, só ele tem trabalho, eu ainda estou a estudar...).

Enfim. Nisto, decidimos não falar nem pensar mais no assunto, até para que conseguíssemos perceber quando o entusiasmo e a certeza vinha de nós e não por insistência de fora.

E assim foi. Silêncio acerca do casamento. Esforço brutal para não falarmos mais em sonhos para não antecipar decisões. Segui para a (minha) Ásia.

Passou-se um mês. Muitos emails mandados, muitos internet cafés, muitas declarações de amor. Muitas saudades acumuladas.

Dia 29 de Agosto apanho o meu avião que sai de Bangkok, sozinha.
13 horas depois aterro em Amesterdão.
Das 6.50 da manhã às 10.30h estou sentadinha numa cadeira em Amesterdão.
As 12h chego a Londres. Verifico que só tenho uma libra e que são precisas 3 para deixar a mochila. Resumindo, não posso ir a lado nenhum, e lá terei de me sentar na mesma cadeirinha até às 7h da manhã do dia seguinte.
Decidi gastar essa libra na cabine e ligo para o D. a pedir que me tente arranjar um voo que volte ainda nesse dia para que não tenha de ficar 19horas no mesmo sítio, a olhar para a mochila. Ele procura e diz que não há nada, tudo à volta dos 300 euros, dinheiro que eu não podia dar.
Assim fiquei. Sentada. Embrulhada na minha manta da ChinaAirlines. Entre momentos que dormitava e outros que, sobressaltada, via se ainda tinha tudo comigo. Às vezes comia restos de pão e latas de atum que ainda sobravam da viagem e fui à casa-de-banho uma vez (com a mochila, os sacos, tudo).

Eram 21.15 quando oiço assobiar e olhei para a direita na esperança de que, finalmente, tivesse chegado o voo do meu irmão e a minha prima M. que tinham feito a viagem comigo mas que vieram num voo diferente.
Eram eles. Mas com eles vinha o D.

Fiquei baralhada. Como é que estás aqui??? Lá explicou que, de facto, não havia bilhetes baratos para voltar mas que tinha encontrado um baratuxo para ir e, assim, sempre era uma maneira de nos vermos um dia mais cedo e matarmos as saudades do último mês inteirinho.
Não acreditava, estava mesmo contente. Mas tão cansada. Há 9 horas na mesma cadeira e há mais de 24h em trânsito. Se as saudades eram muitas, a resmunguice também.

Insistiu muito para que, pelo menos, saíssemos do aeroporto (nunca tinhamos estado juntos fora de Portugal)... demorei a ser convencida, mas lá deixei mano e prima a dormir nas cadeiras do aeroporto e fui. Chegamos ao Big Ben no momento em que as luzes se apagavam.

E assim foi, plena cidade de Londres, com o meu namorado que não via há um mês, com a viagem da minha vida ainda quente, ele ajoelha-se em plena Times Square e diz que assim não dá mais e que não pode admitir mais tanta ausência, tanta saudade, tanta falta de sentido quando estamos longe e não partilhamos o que vivemos.

Pronto. Saí de Portugal num belo dia de Julho e voltei um mês depois, com a experiência da vida, o país do coração e noiva do amor da minha vida.

Alguém quer contar como começou o seu forever?

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