sábado, 10 de dezembro de 2011

mais um

a questão dos filhos foi sempre qualquer coisa que me intrigou.
Adoro crianças desde que me lembro. Somos 4 irmãos e 35 primos direitos por isso a história dos cocós nas fraldas, as birras e os xixis pelas pernas abaixo foram coisa que dormiu em minha casa muitas noites.
Quando cresci comecei a questionar-me acerca da razão por que as pessoas desejam tanto ter filhos (resguardadas as devidas excepções).
Discuti isto na minha cabeça sob diferentes pontos de vista, desde o existencialismo e a perpetuação da espécie, passando pela religião e a necessidade de assegurar a transmissão de valores e património espiritual pelos tempos até a motivos mais egoístas. Nessa fase perguntava-me até que ponto é que as pessoas não queriam ter filhos apenas por uma questão de pertença, de aceitação social... para sermos como os outros, para os vestirmos e educarmos bem, para que sejam, quem sabe, uma grande autoridade nas matérias que decidirem estudar e por aí fora. Pensamento este que muitas vezes era estimulado pelas adopções por parte de casais que enchiam a sua candidatura de limitações e condições (como ser até não sei quantos meses, sem problemas, etc)... então mas queriam um filho para servir que propósitos?
Deixei-me desses debates internos. E ontem falava com o Diogo no quão abandonados estão os filhos dos pais de hoje em dia. Acabam as aulas por volta das 16h e até às 20h andam a prolongar a espera. Saltam entre ATL´s, apoios, prolongamentos, violas, natações, judos, ballets, dão voltas nas carrinhas que os vão buscar, tomam banho com a empregada ou com alguém que está ali para o propósito, jantam rápido e quando deviam sentar-se no chão com os seus pais, andar nas suas cavalitas, ler histórias e pintar desenhos, já é muito tarde e precisam de ir para a cama porque dormir faz falta e amanhã não podem acordar cansados.

3 comentários:

  1. Como sempre tão certa naquilo que dizes!... O meu sonho é ter qualidade de vida para um dia poder transmiti-lo aos meus!...

    Saudades tuas, saudades vossas...

    B.

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  2. Joaninha Cardoso-Rôlo16 de dezembro de 2011 às 13:05

    Definição de FILHO por José Saramago:
    “Filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior acto de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo o tipo de dor, principalmente o da incerteza de estar a agir correctamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo”.

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  3. Tão verdade! Enquanto mãe tento sempre ter tempo de qualidade com a F. (mesmo que por vezes o cansaço vença, que acontece, e a deixe abandonada nas suas brincadeiras) e o tempo com o pai, que chega sempre mais tarde a casa não é opção, é obrigação! Mais vale 1h de qualidade do que 1h a mais de sono, quando já se dorme 10h! (e mesmo que fossem menos)...
    Enquanto educadora, fico tão revoltada por ver tantas coisas.... como disseste, a lista interminável de actividades extra-curriculares é o que mais vejo. Mas o que mais me revolta é ver mães/pais a depositarem os filhos nas escolas para poderem ir para a praia sossegados, para um dia de compras de Natal ou até mesmo "queimar os últimos cartuxos antes do regresso", porque os filhos dão muito trabalho e não param sossegados. Enfim, deviam todos pensar muito bem antes de ter filhos!
    Beijinhos, C

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