quinta-feira, 11 de março de 2010

Sobre "O Rei Édipo"


Ora aqui registo o que me apraz dizer:

- Menção honrosa a Diogo Infante que está irrepreensível. Uma interpretação como poucas vi. De uma autenticidade, de uma sensibilidade. Tudo o que dizia, e como dizia, parecia realmente sentido, sofrido.
- Os diálogos entre Diogo Infante e Virgílio Castelo relembram-nos que Portugal está cheio de bons actores e é triste constatar o pouco investimento que neles se faz.
- Uma versão moderna do texto de Sófocles. Aplaudo Jorge Silva Melo, que consegue de uma forma muito incisiva levar a este público português (tão pouco conhecedor), pinceladas de uma das maiores tragédias gregas.
- É muito interessante a mistura entre o clássico e o contemporâneo a que se assiste durante toda a peça: se as palavras eram eruditas tudo o resto apelava à actualidade. Destaque para o guarda-roupa e para o engraçado que é a ausência de preocupação em entoações milenares mas, antes, sotaques e posturas de um povo que podia ser português.
- Salientar a preocupação, constante, que houve em envolver o público na trama. Entrar na sala e os actores estarem sentados em palco. Circularem livremente durante toda a peça e falarem de todos os cantos da sala.
- Parabéns à orquestra. Conseguem, de maneira magistral, fazer sentir o que se ouve.
- A única coisa que me desagradou foi o coro. Não deviam falar todos ao mesmo tempo porque, por vezes, não se percebe o que dizem.
- Lia Gama também vai muito bem mas, para mim, muito presa à imagem de viúva alentejana sofrida.
- Adorei o Teatro em si: vergonhoso nunca ter lá entrado. Por fora é lindo (isso já sabia) e a sala Garrett também, muito nobre.
- Constatar, infeliz, que devíamos ser os mais novos da sala. Somos, de facto, um povo que deixou de se interessar. Os jovens são despreocupados, felizes na sua ignorância e apenas capazes de ir ao teatro se se tratar do musical dos Morangos com Açúcar.

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