quarta-feira, 6 de abril de 2011

Quando acordas

e tiras o corpo da cama mas deixas lá a cabeça a dormir. Quando vagueias pelo dia como que anestesiada. Quando te sentas a copiar frases para o word sem lhes dar o mínimo de sentido e pensas que amanhã será o dia em que pensarás no assunto. Quando, para acordares, decides ir a pé até ao saldanha. Quando enfrentas um medo que te perseguia há algum tempo, quando vês o que não queres, quando não ouves (e querias ouvir) a voz do costume, quando a única coisa que reconheces é um olhar. Quando te despedes de uma criança que fez parte da tua vida durante 7 meses, lhe dás um abraço depois de teres demorado muito tempo a conquistá-la. Quando voltas para casa a andar, com música nos ouvidos que, na verdade, não ouves. Quando te sentas no sofá a responder a uma mensagem e adormeces. Mas depois lembras-te que ainda tens um jantar hoje e, por isso, é bom que voltes para o word. Para as palavras sem sentido. Para os gestos que são mecânicos, para o intercalar da posição das pernas.
Quando estes dias nos devoram, quando nos transformam, quando nos levam aquilo que somos.
Preciso de colo, preciso de abraços. Preciso de não falar. Estou tão cansada e tenho frio no intervalo deste calor.

2 comentários:

  1. Percebo mt.bem o que sentes e o que escreveste!
    Todos nós temos dias menos bons. Mas amanhã o dia será melhor e o sol terá mais luz. Força, beijinhos,
    MMR

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  2. Um texto e um desabafo que percebi como ninguém...

    B.

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