segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

sobre irmandade

Eu e a minha irmã somos pessoas diferentes.
Ela é mais alta e mais gira. Mais despassarada, mais despreocupada, com o coração mais mole e mais sensível. Mais selvagem, quase impossível de domar. A minha irmã é um bicho raro, que eu conheço como a palma das minhas mãos. Acho que até a conheço melhor do que a nossa mãe.
Houve uma altura em que foi mesmo difícil a convivência. Uma fase em que a adolescência meteu entre nós o que não devia ter metido. Em que houve complexos, ciúmes, egoísmos, silêncios.
Mas, ainda assim, foi bom termos sido sempre capazes de nos acompanhar no crescimento. Mesmo em pequenos-almoços em que não trocavamos palavras, mesmo quando passavamos semanas sem nos vermos porque eu saía e chegava mais tarde do que ela (que acordava as 6 da manhã e ia para a camas as 9 e meia da noite).
E se houve o dia em que fiz um ultimato à minha mãe a dizer que não aguentava mais dormir no mesmo quarto com ela, rapidamente veio a fase em que antes de adormecermos havia uma viagem ao quarto da outra.
Ah, e que saudades que tenho de abrir a porta do quarto dela e encontrar o quarto de pantanas, um radiador nos 40ºC, ela de polar e as canecas dos cafés dos últimos 5 dias e pedir com muita calma para ela mudar a música que está a ouvir em repeat há 4 horas.
Por isso é que ontem foi tão bom ter aterrado no sofá ao teu lado, as duas deitadas debaixo da mesma manta a ver programas na televisão que em nada nos acrescentam inteligência (e a mãe que nos veio tapar e dar beijinhos, deve estar cheia de saudades).


Foi, e é, muito bom ter partilhado tantas coisas contigo.

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